terça-feira, 17 de abril de 2012

SOCIEDADE, NATUREZA E DESENVOLVIMENTO




PAISAGENS E POVOS NA AMAZÔNIA

Estamos acostumados a entender  por paisagem, uma visão de natureza separadas dos seres humanos. A partir do momento em que os seres humanos ocupam determinados ambientes, transformam-no de tal maneira que não mais podem ser considerada inteiramente como área natural. Enquanto algumas sociedades retiram da natureza quantidade imensas  de recursos naturais para satisfazerem suas necessidades, outras tentam retirar com o máximo de cuidado, para que haja um equilíbrio nos componentes da paisagem ali formada.Isso não quer dizer que as sociedades indígenas vivam somente de maneira “atrasada” , ou que tenham mantido seus costumes inalterados ao logo dos tempos.A Etnoarqueologia é a disciplina que se preocupa em observar os comportamentos das sociedades vivas registrando os processos de formação do registro arqueológico.Pesquisas realizadas entre povos MAKU na Amazônia colombiana e brasileira tem produzido importantes dados sobre as práticas desses grupos caçadores-coletores. A variabilidade no tamanho dos grupos, formas de organização social, redes de relações intergrupais, preceito com relação a caça, manipulação de plantas nos caminhos da caça e cosmologias tem chamado a atenção para a complexidade existentes nos sítios de caçadores-coletores, exigindo dos arqueólogos interpretações mais complexas de seus achados.

O QUE “DIZEM” OS SÍTIOS ARQUEOLOGICOS?

A  Amazônia está repleta de sítios arqueológicos. Forem encontrados muitos vestígios – arqueológicos de populações paleoíndias na serra dos Carajás , Monte Alegre , onde os primeiros grupos podem chegar a 11 mil habitantes.Pesquisas recentes mostraram uma preocupação com pinturas astronômicas encontradas. As primeiras populações sedentárias na Amazônia são estudadas a partir dos SAMBAQUIS. Como se tratam de ocupações antigas seu estudo é extremamente importante, para que se conheça a variabilidade genética da população que deu origem aos povos atuais da região amazônica..
Muitos sítios arqueológicos são reconhecidos pro apresentarem solo de coloração escura, muito fértil, onde se encontram fragmentos de antigos utensílios de cerâmica e rocha resultantes de ocupação densa e prolongada. Sítios investigados recentemente na área de Manaus mostram datas que vão de 500 a 2.500 anos antes do presente, mas alguns destes sítios podem datar até 4.800 anos , de acordo com pesquisas feitas no sudeste da Amazônia.
Há também  sítios que se caracterizam por obras gigantes com terrenos monumentais, que podem vir a ser confundidos como naturais e não serem reconhecidos enquanto obras de sociedades nativas, como é o caso dos Geoglifos do Acre, estruturas de terra de formato geométrico formadas por um conjunto de trincheiras e muros, com até 300 de diâmetro, que circundavam antigas aldeias.A maior parte desses sítios foram descobertos a partir de sobrevôos na região  e devido à supressão da vegetação original para a criação de gado.
Por último há os sítios coloniais e de contato, existentes em todos os municípios mais antigos. Apresentam estruturas remanescentes de construções do período colonial, algumas erigidas sobre aldeias indígenas, Alguns podem ser achados em áreas desabitadas e às vezes coberta por mato, como é o caso das ruínas da cidade de Nova Mazagão.

DIVERSIDADE E PATRIMÔNIO

Toda essa diversidade de modos de vida que se desenvolveram na Amazônia durante mais de dez mil anos, com a produção de tecnologias locais e visíveis transformações das paisagens, não pode ser perdida para projetos desenvolvimentistas que ignoram os saberes locais sobre a preservação e incremento da biodiversidade da região. Diversas populações  hoje moram sobre sítios arqueológicos , buscam sempre as melhores ocupações para moradia. São locais geralmente considerados habitáveis, possui visão privilegiada do entorno, por estarem em elevação  estão seguros de alagamento, o que facilita a captação de alimentos com maior facilidade e segurança, há muitas arvores frutíferas tornando esses locais extremamente convidativos. As lâminas  de machado feitas de basalto e granito, por exemplo , que eram trocadas entre as populações indígenas do passado, são consideradas por algumas comunidades com “pedra de raio”.Uma vez que esses objetos são frequentemente encontrados em locais onde não há rochas, alguns grupos indígenas incorporam os artefatos e as pinturas ou gravuras rupestres em suas culturas. Os sítios arqueológicos fazem parte do patrimônio arqueológico, cultural e histórico das populações amazônicas e devem ser preservadas e estudadas para que se possa dar continuidade ao diálogo com o passado que existe em todas as sociedades humanas. Os arqueólogos não são as únicas vozes a produzir narrativas históricas, que precisam ser respeitadas e valorizadas.


QUEM ESTUDAR A DIVERSIDADE SOCIAL, HOJE!

O antropólogo social estuda a diversidade hoje, sincronicamente, sem desprezar os aspectos diacrônicos. São protagonistas das mudanças que se processam no momento em que realizam suas pesquisas. Estudam a organização social e política de sociedades diferenciadas entre si, descobrindo as formas de relação de parentescos entre nós, na região amazônica na tentativa de apresentar as infinitas formas de os grupos humanos se organizarem. O antropólogo pode escolher trabalhar com povos indígenas e populações tradicionais de modo geral.
A antropologia Social realizada na Amazônia não pode desprezar a relação direta entre os grupos tornados vulneráveis , parece impossível fechar os olhos à realidade social. Os antropólogos podem trabalhar em estreita colaboração com lideranças e quilombolas, tornando o trabalho uma das etapas de luta pela autodeterminação e avançando na tentativa de inclusão social.

ANTROPOLOGIA(S) E AMAZÔNIA(S)

Para entender as demandas  políticas de estar e trabalhar na Amazônia, antropólogos sociais, arqueólogos e bioantropólogos devem permanecer de braços bem abertos para acolher, discutir e trabalhar pela sociedade que queremos, sob pena de ser “ testemunha muda” da possibilidade de ins/constituir a sociedade plural e inclusiva. A antropologia na Amazônia é importante se praticada nos campos da tradição e da disciplina, pois permite compreender as formas  multifacetadas dos seres humanos para os quais é voltado o estudo.


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