PAISAGENS
E POVOS NA AMAZÔNIA
Estamos acostumados a
entender por paisagem, uma visão de
natureza separadas dos seres humanos. A partir do momento em que os seres
humanos ocupam determinados ambientes, transformam-no de tal maneira que não
mais podem ser considerada inteiramente como área natural. Enquanto algumas
sociedades retiram da natureza quantidade imensas de recursos naturais para satisfazerem suas
necessidades, outras tentam retirar com o máximo de cuidado, para que haja um
equilíbrio nos componentes da paisagem ali formada.Isso não quer dizer que as
sociedades indígenas vivam somente de maneira “atrasada” , ou que tenham
mantido seus costumes inalterados ao logo dos tempos.A Etnoarqueologia é a
disciplina que se preocupa em observar os comportamentos das sociedades vivas
registrando os processos de formação do registro arqueológico.Pesquisas
realizadas entre povos MAKU na
Amazônia colombiana e brasileira tem produzido importantes dados sobre as
práticas desses grupos caçadores-coletores. A variabilidade no tamanho dos
grupos, formas de organização social, redes de relações intergrupais, preceito
com relação a caça, manipulação de plantas nos caminhos da caça e cosmologias
tem chamado a atenção para a complexidade existentes nos sítios de
caçadores-coletores, exigindo dos arqueólogos interpretações mais complexas de
seus achados.
O
QUE “DIZEM” OS SÍTIOS ARQUEOLOGICOS?
A Amazônia está repleta de sítios
arqueológicos. Forem encontrados muitos vestígios – arqueológicos de populações
paleoíndias na serra dos Carajás , Monte Alegre , onde os primeiros grupos
podem chegar a 11 mil habitantes.Pesquisas recentes mostraram uma preocupação
com pinturas astronômicas encontradas. As primeiras populações sedentárias na
Amazônia são estudadas a partir dos SAMBAQUIS.
Como se tratam de ocupações antigas seu estudo é extremamente importante, para
que se conheça a variabilidade genética da população que deu origem aos povos
atuais da região amazônica..
Muitos sítios arqueológicos
são reconhecidos pro apresentarem solo de coloração escura, muito fértil, onde
se encontram fragmentos de antigos utensílios de cerâmica e rocha resultantes
de ocupação densa e prolongada. Sítios investigados recentemente na área de
Manaus mostram datas que vão de 500 a 2.500 anos antes do presente, mas alguns
destes sítios podem datar até 4.800 anos , de acordo com pesquisas feitas no
sudeste da Amazônia.
Há também sítios que se caracterizam por obras gigantes
com terrenos monumentais, que podem vir a ser confundidos como naturais e não
serem reconhecidos enquanto obras de sociedades nativas, como é o caso dos
Geoglifos do Acre, estruturas de terra de formato geométrico formadas por um
conjunto de trincheiras e muros, com até 300 de diâmetro, que circundavam
antigas aldeias.A maior parte desses sítios foram descobertos a partir de
sobrevôos na região e devido à supressão
da vegetação original para a criação de gado.
Por último há os sítios
coloniais e de contato, existentes em todos os municípios mais antigos.
Apresentam estruturas remanescentes de construções do período colonial, algumas
erigidas sobre aldeias indígenas, Alguns podem ser achados em áreas desabitadas
e às vezes coberta por mato, como é o caso das ruínas da cidade de Nova
Mazagão.
DIVERSIDADE
E PATRIMÔNIO
Toda essa diversidade de
modos de vida que se desenvolveram na Amazônia durante mais de dez mil anos,
com a produção de tecnologias locais e visíveis transformações das paisagens,
não pode ser perdida para projetos desenvolvimentistas que ignoram os saberes
locais sobre a preservação e incremento da biodiversidade da região. Diversas
populações hoje moram sobre sítios
arqueológicos , buscam sempre as melhores ocupações para moradia. São locais
geralmente considerados habitáveis, possui visão privilegiada do entorno, por
estarem em elevação estão seguros de
alagamento, o que facilita a captação de alimentos com maior facilidade e
segurança, há muitas arvores frutíferas tornando esses locais extremamente
convidativos. As lâminas de machado
feitas de basalto e granito, por exemplo , que eram trocadas entre as
populações indígenas do passado, são consideradas por algumas comunidades com
“pedra de raio”.Uma vez que esses objetos são frequentemente encontrados em
locais onde não há rochas, alguns grupos indígenas incorporam os artefatos e as
pinturas ou gravuras rupestres em suas culturas. Os sítios arqueológicos fazem
parte do patrimônio arqueológico, cultural e histórico das populações
amazônicas e devem ser preservadas e estudadas para que se possa dar continuidade
ao diálogo com o passado que existe em todas as sociedades humanas. Os
arqueólogos não são as únicas vozes a produzir narrativas históricas, que
precisam ser respeitadas e valorizadas.
QUEM
ESTUDAR A DIVERSIDADE SOCIAL, HOJE!
O antropólogo social estuda
a diversidade hoje, sincronicamente, sem desprezar os aspectos diacrônicos. São
protagonistas das mudanças que se processam no momento em que realizam suas
pesquisas. Estudam a organização social e política de sociedades diferenciadas
entre si, descobrindo as formas de relação de parentescos entre nós, na região amazônica
na tentativa de apresentar as infinitas formas de os grupos humanos se
organizarem. O antropólogo pode escolher trabalhar com povos indígenas e
populações tradicionais de modo geral.
A antropologia Social
realizada na Amazônia não pode desprezar a relação direta entre os grupos
tornados vulneráveis , parece impossível fechar os olhos à realidade social. Os
antropólogos podem trabalhar em estreita colaboração com lideranças e quilombolas,
tornando o trabalho uma das etapas de luta pela autodeterminação e avançando na
tentativa de inclusão social.
ANTROPOLOGIA(S)
E AMAZÔNIA(S)
Para entender as
demandas políticas de estar e trabalhar
na Amazônia, antropólogos sociais, arqueólogos e bioantropólogos devem
permanecer de braços bem abertos para acolher, discutir e trabalhar pela
sociedade que queremos, sob pena de ser “ testemunha muda” da possibilidade de
ins/constituir a sociedade plural e inclusiva. A antropologia na Amazônia é
importante se praticada nos campos da tradição e da disciplina, pois permite
compreender as formas multifacetadas dos
seres humanos para os quais é voltado o estudo.
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