Há exatos cinco meses da chacina que vitimou seis
adolescentes em Icoaraci, na Região Metropolitana de Belém, 30 pessoas – dentre
testemunhas de acusação e defesa - devem depor na sede do Fórum Criminal do
distrito, na manhã de quinta-feira (19). O interrogatório, que será presidido
pela juíza Rubilene Silva Rosário, da 3ª Vara Criminal de Icoaraci, marca o
início da instrução do processo criminal contra os ex-policiais militares
Rosevan Moraes de Almeida e Antônio Luiz Benardino da Costa, acusados de terem
executado os jovens que tinham idade entre 12 e 17 anos. Uma das vítimas,
Isaac, se estivesse vivo, completaria aniversário hoje. Uma manifestação em
frente ao Fórum pretende reunir dezenas de moradores do distrito para pedir
justiça.
De acordo com o avô de duas das vítimas, Antônio Rodrigues,
65, os familiares dos adolescentes foram orientados a não dar entrevistas à
imprensa porque o processo segue em segredo de Justiça e qualquer troca de
informações poderá prejudicar o andamento das investigações.
“O advogado que está cuidando do caso pediu que a gente não
falasse nada sobre o assunto, até porque ele é quem está por dentro de toda a
situação. A gente só sabe que os dois acusados continuam presos”, comentou
Antônio.
Ele é o avô dos irmãos Gabriel e Samuel e foi o primeiro
familiar a reconhecer as vítimas. Apesar disso, não foi intimado para depor. “A
intimação chegou apenas para o pai dos meninos, Carlos Alberto, mas é provável
que ele não vá porque está morando em São Paulo. Foi trabalhar para lá depois
que os filhos morreram”, acrescentou
O promotor de justiça José Haroldo Carneio Matos, vai
acompanhar o interrogatório a fim de convencer o Poder Judiciário da
participação de Rosevan Moraes de Almeida e Antônio Luiz Benardino da Costa na
execução dos adolescentes. Junto com o promotor, estarão mais três advogados,
representantes do Cedeca/Emaús, que deverão atuar na acusação.
A denúncia do Ministério Público se baseia em provas e
depoimentos de testemunhas que viram como o crime aconteceu. Além disso, o MP
vai se utilizar dos laudos periciais das armas apreendidas e no resultado do
exame necroscópico feito nas vítimas. O promotor pretende levar os acusados a
julgamento ainda este ano, pelo crime de homicídio triplamente qualificado.
MEDO E SILÊNCIO
Na rua Padre Júlio Maria, onde o crime aconteceu, muitos
moradores ainda têm medo de tecer algum comentário sobre este triste episódio
vivido na noite do último dia 19 de novembro. “Por aqui poucas pessoas ainda
tocam no assunto, muitos têm medo. Se ele (Rosevan Moraes – principal acusado)
matou seis pessoas em poucos minutos, para matar uma é muito mais rápido, então
ninguém gosta de tocar no assunto”, diz a comerciante Paula Palheta, 37 anos
Alguns vizinhos das vítimas, que preferem não se identificar,
chegam a ficar emocionados quando lembram dos adolescentes. “O Isaac era um
rapaz muito querido. Eu sinto até um aperto no coração quando me recordo dessa
situação e vejo que ele não está mais entre nós”, lamentou um vizinho.
Os moradores alegam que depois chacina a Polícia Militar
intensificou a ronda pela área, mesmo assim há quem não se sinta seguro após o
crime. “A gente não vê mais moradores sentados em frente às suas casas,
conversando até tarde da noite. As pessoas estão assustadas, ainda
traumatizadas”, resumiu o vizinho de Isaac.
MANIFESTAÇÃO
A ONG Icoaraci Periferia confirmou que, durante os depoimentos das testemunhas e dos acusados, vai realizar uma manifestação pacífica em frente à sede do Fórum Criminal. De acordo com a coordenadora da ONG, Leila Rosa Palheta, o ato será cobrar do poder público uma resposta concreta para este crime brutal.
A ONG Icoaraci Periferia confirmou que, durante os depoimentos das testemunhas e dos acusados, vai realizar uma manifestação pacífica em frente à sede do Fórum Criminal. De acordo com a coordenadora da ONG, Leila Rosa Palheta, o ato será cobrar do poder público uma resposta concreta para este crime brutal.
“Nós iríamos fazer uma caminhada pelas ruas de Icoaraci, mas
como a audiência coincidiu com a data de 5 meses do assassinato , mudamos a
manifestação e decidimos realizar um ato em frente ao Fórum”, esclareceu Leila
Palheta. Faixas, cartazes e fotos da vítima serão usadas para pedir que a
justiça seja feita. Por conta dessa manifestação, a juíza Rubilene Silva
Rosário pediu o reforço policial em frente ao Fórum no intuito de evitar
tumultos.
LAUDO
Informações não oficiais dão conta que em um dos laudos, emitido pelo IML, estaria a confirmação de que duas das vítimas foram mortas por balas disparadas pela arma do ex-policial militar Rosevan Moraes. Em nota, o IML não confirmou se a informação procede ou não. De acordo com a Diretoria Geral, como as investigações correm em segredo de justiça o instituto não está autorizado a repassar nenhuma informação.
Informações não oficiais dão conta que em um dos laudos, emitido pelo IML, estaria a confirmação de que duas das vítimas foram mortas por balas disparadas pela arma do ex-policial militar Rosevan Moraes. Em nota, o IML não confirmou se a informação procede ou não. De acordo com a Diretoria Geral, como as investigações correm em segredo de justiça o instituto não está autorizado a repassar nenhuma informação.
(Diário do Pará)
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