O megatraficante Jocicley Braga
de Moura, o “Dote”, foi localizado na madrugada de ontem (13), em Fortaleza,
durante a festa pelo aniversário de seu filho. A Polícia estava à procura de
Dote desde que foi decretada a prisão preventiva e ele fugiu de Belém. Com a
prisão do traficante amazonense Zé Roberto, chefão do tráfico no Amazonas, Dote
havia assumido o papel de chefão da droga no Norte-Nordeste, na rota que começa
em Letícia (AC) e vai até Fortaleza. A recente entrada da pedra de óxi – que,
desmanchada, vira pasta-base – no Pará tem a ver com a organização criminosa de
Dote.
Dote era o bandido mais procurado
pela Polícia paraense, que dedicava especial prioridade à sua prisão. Nas
últimas semanas, chegaram informações aos policiais de que ele estaria
passeando pela região dos Lençóis Maranhenses. Depois, soube-se que estaria
voltando para Fortaleza, mas sua pista foi novamente perdida entre Jeriquaquara
e Fortaleza.
Os esforços foram então
concentrados em Belém, a fim de levantar informações junto aos soldados do
tráfico. Através de monitoração telefônica, a Polícia descobriu que o
traficante estava esperando o filho em Fortaleza para festejar o aniversário do
menino numa casa da região central da cidade. Cinco pontos diferentes foram
rastreados como prováveis locais da festa.
SEM RESISTÊNCIA
Na noite de quinta-feira, através
de informantes cearenses, a Polícia recebeu o endereço onde estaria ocorrendo
uma festa. Os policiais paraenses se deslocaram até lá e ficaram em campana,
esperando até Dote sair da festa. Ele deixou o local, sozinho, dirigindo um carro
de luxo. Aí, então, a Polícia fez o cerco numa rua próxima e o prendeu, sem que
o traficante oferecesse qualquer resistência. Segundo relato de um policial
participante da operação, Dote não carregava armas ou dinheiro no carro.
Depois da prisão, o traficante
foi levado para Teresina (PI), de onde, hoje pela manhã, será trazido para
Belém em avião da Secretaria de Segurança Pública. Uma equipe de policiais
cuidará da transferência do preso.
Curiosamente, por ocasião de sua
última prisão, na cervejaria Liverpool (entre 14 de Março e Governador José
Malcher), Dote participava também de uma festa. Na ocasião, equipes da RBATV e
do DIÁRIO acompanharam a operação policial montada para prendê-lo.
O traficante era o convidado de
honra de uma comemoração promovida pelo bandido conhecido como Marmita. Regada
a uísque importado e com bufê de primeira qualidade, a recepção varou a
madrugada. Por volta de 4h, quando deixava o local, Dote foi preso pelo
delegado Éder Mauro e seus policiais.
“CASINHA”
Como correu o boato de que teria
armado uma “casinha” para o megatraficante, Marmita foi morto meses depois com
vários tiros na cabeça. Há menos de dois meses, uma nova execução ocorreu ainda
ligada ao caso: a mãe de Marmita foi assassinada, provavelmente porque assumiu
os pontos de drogas do filho e dizia que iria vingar sua morte.
Segundo a Polícia, todas as
prisões de Dote resultam numa espécie de caça às bruxas no mundo do crime. Em
semanas, várias pessoas são mortas, por suspeita de terem traído o chefão numa
demonstração de força de sua rede criminosa.
Correm boatos de que Dote
mantinha o mesmo esquema que Zé Roberto empregou durante anos no Amazonas. Na
melhor tradição dos grandes grupos mafiosos, Zé Roberto chegou a mandar
explodir carros para liquidar inimigos e até autoridades.
“Nunca se conseguia chegar até o
Dote porque sempre alguém repassava informações a ele”, comenta um experiente
policial, que acompanhou todas as investigações sobre o destino do bandido. A
Polícia desconfia que a carga de haxixe que tem chegado ao Pará é distribuída e
comercializada pela poderosa rede de tráfico montada por Dote, que movimentaria
mensalmente mais de R$ 5 milhões. (Joaquim Campos, especial para o Diário do
Pará)
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