sábado, 14 de abril de 2012

"DOTE" É PRESO EM FORTALEZA


O megatraficante Jocicley Braga de Moura, o “Dote”, foi localizado na madrugada de ontem (13), em Fortaleza, durante a festa pelo aniversário de seu filho. A Polícia estava à procura de Dote desde que foi decretada a prisão preventiva e ele fugiu de Belém. Com a prisão do traficante amazonense Zé Roberto, chefão do tráfico no Amazonas, Dote havia assumido o papel de chefão da droga no Norte-Nordeste, na rota que começa em Letícia (AC) e vai até Fortaleza. A recente entrada da pedra de óxi – que, desmanchada, vira pasta-base – no Pará tem a ver com a organização criminosa de Dote.
Dote era o bandido mais procurado pela Polícia paraense, que dedicava especial prioridade à sua prisão. Nas últimas semanas, chegaram informações aos policiais de que ele estaria passeando pela região dos Lençóis Maranhenses. Depois, soube-se que estaria voltando para Fortaleza, mas sua pista foi novamente perdida entre Jeriquaquara e Fortaleza.
Os esforços foram então concentrados em Belém, a fim de levantar informações junto aos soldados do tráfico. Através de monitoração telefônica, a Polícia descobriu que o traficante estava esperando o filho em Fortaleza para festejar o aniversário do menino numa casa da região central da cidade. Cinco pontos diferentes foram rastreados como prováveis locais da festa.
SEM RESISTÊNCIA
Na noite de quinta-feira, através de informantes cearenses, a Polícia recebeu o endereço onde estaria ocorrendo uma festa. Os policiais paraenses se deslocaram até lá e ficaram em campana, esperando até Dote sair da festa. Ele deixou o local, sozinho, dirigindo um carro de luxo. Aí, então, a Polícia fez o cerco numa rua próxima e o prendeu, sem que o traficante oferecesse qualquer resistência. Segundo relato de um policial participante da operação, Dote não carregava armas ou dinheiro no carro.
Depois da prisão, o traficante foi levado para Teresina (PI), de onde, hoje pela manhã, será trazido para Belém em avião da Secretaria de Segurança Pública. Uma equipe de policiais cuidará da transferência do preso.
Curiosamente, por ocasião de sua última prisão, na cervejaria Liverpool (entre 14 de Março e Governador José Malcher), Dote participava também de uma festa. Na ocasião, equipes da RBATV e do DIÁRIO acompanharam a operação policial montada para prendê-lo.

O traficante era o convidado de honra de uma comemoração promovida pelo bandido conhecido como Marmita. Regada a uísque importado e com bufê de primeira qualidade, a recepção varou a madrugada. Por volta de 4h, quando deixava o local, Dote foi preso pelo delegado Éder Mauro e seus policiais.
“CASINHA”
Como correu o boato de que teria armado uma “casinha” para o megatraficante, Marmita foi morto meses depois com vários tiros na cabeça. Há menos de dois meses, uma nova execução ocorreu ainda ligada ao caso: a mãe de Marmita foi assassinada, provavelmente porque assumiu os pontos de drogas do filho e dizia que iria vingar sua morte.
Segundo a Polícia, todas as prisões de Dote resultam numa espécie de caça às bruxas no mundo do crime. Em semanas, várias pessoas são mortas, por suspeita de terem traído o chefão numa demonstração de força de sua rede criminosa.
Correm boatos de que Dote mantinha o mesmo esquema que Zé Roberto empregou durante anos no Amazonas. Na melhor tradição dos grandes grupos mafiosos, Zé Roberto chegou a mandar explodir carros para liquidar inimigos e até autoridades.
“Nunca se conseguia chegar até o Dote porque sempre alguém repassava informações a ele”, comenta um experiente policial, que acompanhou todas as investigações sobre o destino do bandido. A Polícia desconfia que a carga de haxixe que tem chegado ao Pará é distribuída e comercializada pela poderosa rede de tráfico montada por Dote, que movimentaria mensalmente mais de R$ 5 milhões. (Joaquim Campos, especial para o Diário do Pará)

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