A Procuradoria-Geral da República
(PGR) protocolou recurso nesta terça-feira (4) no Supremo Tribunal Federal
(STF) para tentar suspender a decisão liminar (provisória) que autorizou a
retomada das obras da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará.
A ordem de liberar os trabalhos
no canteiro de obras foi emitida, em 27 de agosto, pelo presidente do STF,
Carlos Ayres Britto.
Na petição, o procurador-geral da
República, Roberto Gurgel, e a vice-procuradora-geral, Deborah Duprat, tentam
convencer o chefe do Judiciário a cassar a liminar e suspender novamente a obra
de Belo Monte.
Para Gurgel, antes de autorizar a
continuação do empreendimento, é preciso realizar audiências públicas para
ouvir a posição dos povos indígenas da região que será alagada pela hidrelétrica.
“Os povos indígenas constituem
uma minoria com reduzido acesso à esfera parlamentar. No espaço legislativo,
não há real paridade de armas entre os grupos interessados na realização de
empreendimentos econômicos de vulto, como a exploração de energia elétrica, e
as comunidades indígenas. Por isso, é tão importante a existência de mecanismo
institucional que assegure a voz dos povos indígenas nas deliberações
parlamentares que lhes dizem respeito”, defendeu o procurador-geral. O
Minis2ério Público Federal também indaga no documento se “é possível situar o
interesse público apenas na realização da obra”. Os próprios procuradores
respondem à questão, afirmando que a Constituição assegura os direitos de
minorias, impondo limites materiais às decisões das maiorias eventuais. Segundo
o MPF, “o interesse público não pode ser medido em desconsideração a esses
grupos”.
No agravo regimental, Gurgel
solicita que o presidente do STF reconsidere sua decisão provisória ou submeta
o recurso para análise do plenário do tribunal. Até a publicação desta
reportagem, Ayres Britto ainda não havia se manifestado sobre a petição da PGR.
Aval do Supremo
A paralisação das obras de Belo
Monte havia sido determinada no dia 14 de agosto pelo Tribunal Regional Federal
da 1ª Região. Treze dias depois, o presidente do STF, Carlos Ayres Britto,
concedeu liminar autorizando a retomada dos trabalhos.
Na decisão de 14 de agosto, o
desembargador do TRF-1 Souza Prudente entendeu que os povos indígenas da região
teriam que ser consultados sobre a construção da usina.
A Advocacia-Geral da União(AGU),
no entanto, apresentou recurso ao STF no qual afirmou que a paralisação da obra
causa danos à economia brasileira e à política energética do país.
Ayres Britto concedeu a liminar
pedida pela AGU "sem prejuízo de uma mais detida análise quando do
julgamento do mérito (inteiro teor do pedido)".
Não há prazo para o plenário
analisar o pedido, uma vez que o Supremo está em esforço concentrado para
julgamento do processo do mensalão e não vai julgar outros casos até o término
da ação.
Argumentos do governo federal
No recurso contra a decisão do
desembargador, o advogado-geral da União, Luis Inácio Adams, pediu a suspensão,
por decisão liminar (provisória), a eficácia da decisão do TRF-1, “para que se
evite dano irreparável ao patrimônio público”.
“Para que se evite a ocorrência
de dano vultoso e irreparável ao patrimônio público, à ordem administrativa, à
ordem econômica, e à política energética brasileira, a União desde logo requer
[...] seja liminarmente suspensa a eficácia do acórdão proferido”, diz o texto.
Segundo a AGU, a decisão do TRF
“desrespeita” decisão anterior do Supremo que entendeu que a concessão de
autorização para início da obra não feriu a Constituição.
Entenda o caso
A Usina Hidrelétrica de Belo
Monte está sendo construída no rio Xingu, em Altamira, no sudoeste do Pará, com
um custo previsto de R$ 25 bilhões.
O projeto tem grande oposição de
ambientalistas, que consideram que os impactos para o meio ambiente e para as
comunidades tradicionais da região, como indígenas e ribeirinhos, serão
irreversíveis.
A obra também enfrenta críticas
do Ministério Público Federal do Pará, que alega que as compensações ofertadas
para os afetados pela obra não estão sendo feitas de forma devida, o que
poderia gerar um problema social na região do Xingu.
Fonte: G1
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