A contenção da economia nas maiores potências
do globo ainda não intimidou as marcas brasileiras. Em 2010, as franquias
nacionais registraram um crescimento de 12% no exterior, e aumentaram para 79 o
número de empresas brasileiras com representação fora do território nacional,
segundo dados da Associação Brasileira de Franquias (ABF). "Temos um
terreno muito próspero na Espanha e em Portugal, que é, aliás, o país na Europa
com o maior número de marcas nossas", disse em conversa com a DW Brasil
Ricardo Camargo, diretor-executivo da ABF. São 38 marcas brasileiras em 118
lojas portuguesas. Na Espanha e França estão instaladas, respectivamente, 33 e
15 franquias. Na Alemanha, duas marcas brasileiras administram três
representações. Sem medo da crise, a Morana Acessórios se prepara para
inaugurar sua terceira unidade em Portugal. A loja de bijuterias se lançou no
mercado internacional em 2006 e administra outras duas representações nos
Estados Unidos. "Percebemos que o DNA de moda brasileira funciona fora do
país. E até em função da crise, vários consumidores começam a olhar o nosso
produto com outros olhos: por causa da queda do poder aquisitivo, as pessoas
deixam de comprar joias", avalia Eduardo Morita, diretor do Grupo Ornatus.Os
ânimos de expansão dos investidores brasileiros agora se voltam para países
como Turquia, Rússia e China. "A Turquia tem um mercado que agora está se
abrindo para o mundo, tentando trazer mais investimentos internacionais. Na
Rússia, também há muitos empreendimentos de shoppings centers em andamento, não
só na capital", comenta Camargo. A Rosa Chá, que atua no segmento de moda
praia, foi a primeira a entrar no mercado turco.A corrida das franquias para
fora do Brasil começou há apenas cinco anos, mas o crescimento mais
significativo veio nos últimos dois. "O Brasil nunca foi muito pró-ativo
nessa área. Há um grande desconhecimento sobre o mercado internacional. Então
essa falta de informação foi um fator negativo para a expansão", explica
Camargo.Os setores de maior sucesso são os de vestuário, beleza e saúde, acessórios
pessoais e calçados. Nomesconhecidos pelos consumidores brasileiros como as
fabricantes de calçados Via Uno e Arezzo, a rede fast-food Giraffas, e lingeries
Hope [que tem a modelo Gisele Bundchen como garota-propaganda] começam a ser
apreciadas também por estrangeiros. Por outro lado, levar o produto para fora
do Brasil ainda pode ser complicado. Segundo a ABF, além dos problemas de
infraestrutura nos portos e aeroportos do país, o empresariado paga uma das
taxas mais caras do mundo para esses serviços. "A mercadoria fica dias
parada, há muitos arranjos burocráticos, poucos portos para exportação, o
processo é lento e custa para a empresa", lista a associação.O diretor do
Grupo Ornatus diz que a prática de buscar mercado requer muito preparo. "O
Brasil não tinha cultura forte para internacionalizar marcas. Neste setor, a
gente percebe muito um trabalho de tentativa e erro. Cada mercado é uma receita
que precisa ser testada e que não vai funcionar necessariamente como no
Brasil", comenta Morita.As marcas brasileiras também contemplam os países
vizinhos. A Colômbia é o principal alvo: a economia nesse país deve crescer 5%
neste ano. Peru, Chile e Argentina – país que tem o maior número de franquias
brasileiras, 118 – também oferecem atrativos.Para Camargo, a estabilização do
preço do dólar frente ao real deve encorajar o empresariado brasileiro em 2012.
Por outro lado, as marcas podem vivenciar tempos mais difíceis fora do Brasil.
"Como a economia nos Estados Unidos e Europa estão paradas, as empresas
desses países querem cada vez mais aumentar a internacionalização para
compensar os resultados, e estão mais agressivas. Podemos esperar uma competição
muito acirrada", prevê.
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